O Tesouro da Rainha Santa Isabel

Antes de ser uma lenda, Isabel foi princesa de Aragão, menina de 11 anos dada em casamento ao rei D. Dinis. Culta, sensível, corajosa, generosa, esta rainha não será como as outras: irá proteger os mendigos com o coração e com milagres de rosas.

Na corte espanhola aragonesa o nascimento da filha de Pedro III vai pôr fim às discórdias que corriam nesse altura. O seu avô Jaime I chama-lhe “rosa da Casa de Aragão”. Isabel é educada para ser rainha, o que acontecerá quando chegar à idade dos 11 anos. Em mais pequena já mostra inclinação para meditar, rezar e jejuar. A princesa há de abraçar a vida monástica e entrar para um convento mas, até lá, ainda há muita história por contar.

Isabel tinha três pretendentes, porém é D. Dinis quem a vai ter a seu lado no trono português. As bases do contrato nupcial ficam assinadas a 24 de abril de 1281. A nova Rainha recebe do marido significativa doação: Óbidos, Porto de Mós, Abrantes e mais 12 castelos. O casamento realiza-se em Barcelona, por procuração, e só dois meses depois os noivos se encontram, pela primeira vez, em terras portuguesas.

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A rainha acompanha o marido em várias áreas da governação, nomeadamente nas deslocações pelo país e estrangeiro. Chega a ter um papel importante na mediação dos conflitos entre o rei e o irmão D. Afonso, e entre o rei e o príncipe herdeiro. Quando fica viúva em 1336, retira-se para o convento das Clarissas, em Coimbra. O seu espírito conciliador leva-a a intervir na luta que opõe o filho, o rei Afonso IV, a Afonso XI, rei de Castela. Morre na viagem, em Estremoz.

A Rainha dos Milagres

D. Isabel foi amada pelo povo que via nela um anjo protetor. Atenta às necessidades dos mais humildes e carenciados, empenhou-se em criar instituições para acolher e auxiliar doentes e pobres. Mandou edificar hospitais em Coimbra, Santarém e Leiria e albergarias para mulheres.

Diz a lenda que o marido não aprovava esta política social de proximidade e que um dia a surpreendeu durante uma das suas ações, perguntando-lhe o que tinha no regaço. Isabel levava pão para distribuir pelos pedintes, mas sabendo como isso desagradava o seu rei, disse que eram rosas. Seria perfeito se não fosse Janeiro, o mês em que as rosas não desabrocham. A rainha, percebeu que tinha sido descoberta e abriu o manto. Em vez de pão, rosas caíram-lhe do colo. Estava feito o primeiro milagre. O segundo que lhe foi atribuído, aconteceu 23 dias após a sua morte. A aura já era de santa.

Em 1516 é beatificada pelo Papa Leão X e santificada por Urbano VIII. A rainha santa Isabel deixou um invulgar tesouro ao mosteiro de Santa Clara em Coimbra: uma imagem da virgem em ourivesaria primorosa, o relicário de Santo Lenho com um pedaço da Cruz de Cristo, que se perdeu, um colar de granadas e outro guarnecido por outras gemas raras. São estes objetos de ourivesaria que sobreviveram sete séculos, mais o seu primeiro túmulo – que revela muito da sua personalidade mística – que  podemos agora conhecer com mais pormenor nesta Visita Guiada com a jornalista Paula Moura Pinheiro e a historiadora de Arte Giulia Rossi Vairo.

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Ficha Técnica

  • Título: Visita Guiada - Museu Machado de Castro, Convento de Santa Clara-a-Nova
  • Tipologia: Programa
  • Autoria: Paula Moura Pinheiro
  • Produção: RTP2
  • Ano: 2014