Rio Trancão: águas de peixe, hortaliças, sinos e batalhas
A partir da história do Trancão, o geógrafo Jorge Gaspar explica-nos como este rio serviu, durante séculos, para alimentar Lisboa. Um afluente do Tejo que navegou pela agricultura, pela pesca, pelo sal e por feitos históricos dos tempos da construção do reino.
É junto à foz do maior rio português e de toda a Península Ibérica, o Tejo, que encontramos um dos mais pequenos rios nacionais, o Trancão, mas que precisamente devido à sua localização teve ao longo dos tempos uma importância fundamental. Com cerca de 30 quilómetros, nasce na Póvoa da Galega, no concelho de Mafra, e entra no concelho de Loures através de Bucelas, para desaguar na margem direita do Tejo, frente ao Mar da Palha.
Foi, até ao século XIX, uma das importantes vias fluviais para o Tejo, a que ficava mais perto da capital. Usada pelas populações da zona saloia, servia o transporte de produtos agrícolas, mas também alimentava comunidades piscatórias e tinha reservas de sal, já que estava sujeita às marés que entravam pelo estuário do Tejo. Mas não só, o Trancão foi também uma relevante via de transporte de passageiros e, já em pleno século XX, de produtos que haveriam de alimentar as indústrias instaladas nesta cintura de Lisboa.
Em tempos conhecido por rio de Sacavém, conta a História que foi nas suas margens que D. Afonso Henriques enfrentou os mouros, em 1147, mesmo antes da tomada de Lisboa, na chamada Batalha de Sacavém. Em pleno século XVIII, novamente a História haveria de embarcar nas suas águas. Por esse rio acima foram levadas as pedras usadas na construção dos torreões e os grandes sinos, símbolos da glória do Convento de Mafra.
Ficha Técnica
- Título: Visita Guiada - Antigos Portos Fluviais do Baixo Tejo, temporada 13, episódio 5
- Tipologia: Extrato de Programa
- Autoria: Paula Moura Pinheiro
- Produção: RTP
- Ano: 2023