Sementes, o monopólio da vida

Os mais antigos sabem bem da importância das sementes. Durante centenas de anos, os agricultores produziram e guardaram milhões de pequenos grãos de milhares de alimentos. Mas hoje, um punhado de multinacionais controla o mercado mundial e quer impor as sementes industriais, em nome do combate à fome.

As sementes resultam de milhares de anos de ação da natureza e do trabalho de conservação por parte dos agricultores. Até a mecanização ter tomado conta dos campos, na segunda metade do século XX, havia espécies que chegavam a ter milhares de variedades, como é o caso do arroz. Na Índia, país que se tornou o foco da luta mundial dos trabalhadores dos campos, acredita-se que já só existam cerca de dez por cento das espécies tradicionais. E o mesmo está a acontecer com outras culturas, como o algodão, já totalmente híbrido.

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Quer as sementes transgénicas (genes da planta modificados) quer as híbridas (cruzamento de plantas) visam rentabilizar a produção e são por isso mais usadas em monoculturas. A maioria das sementes comerciais pertencem a meia dúzia de mega empresas, as mesmas que fabricam os agroquímicos. Controlam os mercados mundiais das sementes e estão a reforçar os seus direitos intelectuais sobre as plantas que alimentam o planeta.

Com a concessão de patentes e a crescente restrição na circulação de sementes, os agricultores vão perdendo o seu papel de guardadores da nossa herança genética. Muitos têm mesmo ficado sem a sua fonte de rendimento quando os gigantes empresariais adquirem as terras para monoculturas intensivas. Destrói-se desta forma a variedade alimentar de cada região, poluem-se com químicos as terras e as águas e afasta-se destas áreas a biodiversidade local.

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Ficha Técnica

  • Título: Biosfera: O monopólio da vida - temporada 18, episódio 21
  • Tipologia: Extrato de Programa
  • Autoria: Sílvia Camarinha
  • Produção: Farol de Ideias
  • Ano: 2020