Um exemplo do rococó no Mosteiro de Tibães

Na Igreja deste templo beneditino encontra-se uma peça magnífica do barroco final ou rococó bracarense. O retábulo da capela-mor de Tibães, coberto de talha no seu tom de ouro, excessivo e flamejante, custou oito contos de réis. Uma fortuna no século XVII

Depois das linhas racionais, sóbrias e até austeras do Classicismo, uma nova estética surge na Europa em finais de XVI, evoluindo e marcando as artes nos dois séculos que se seguiram. Arquitetura, pintura, escultura ganham um sentido decorativo, com formas dinâmicas, assimétricas e imprevisíveis, “gerando perspetivas que prolongam em profundidade e sombras o que fora antes uma visão frontal”.

O Barroco – termo que se acredita ter origem num vocábulo português que quer dizer pérola irregular –, nasce em Roma para servir o espírito da Contrarreforma delineado nas diretivas do Concílio de Trento tornando-se também num palco da encenação do poder papal e real para deslumbrar e emocionar o grande público. Palácios e igrejas são então construídos no mais luxuoso Barroco.

O Concílio de Trento e o Barroco
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Em Portugal o ouro que chegava do Brasil financiava a tendência da ostentação copiada do modelo francês que D. João V estendia também à formação de valiosas bibliotecas e mosteiros. É no reinado deste soberano que surgem os primeiros retábulos com traços do rococó ou do barroco tardio, estilo de transição que por volta de 1715 estava em voga na corte de Luís XV. Caracterizado por uma decoração ainda mais excessiva, excêntrica e caprichosa, o rococó – que é ainda sinónimo de fora de moda -, tem alguns dos seus melhores exemplos no norte do país, em Braga e na zona do Minho e Douro.

O Altar-mor do Mosteiro de Tibães, templo medieval que terá sido fundado em 562 e mais tarde elevado a casa-mãe dos beneditinos portugueses, é um projeto do arquiteto e escultor André Soares, “iniciador do barroco-rococó bracarense”. A ele são devidos “os desenhos dos mais valiosos trechos da talha de Tibães”, executados por José Alves de Araújo. Uma obra espetacular aqui apresentada por Sílvia Ferreira, historiadora de Arte.

A Biblioteca de D. João V, obra-prima do Barroco
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Ficha Técnica

  • Título: Visita Guiada - Mosteiro de Tibães, Braga
  • Tipologia: Extrato de Programa Cultural
  • Autoria: Paula Moura Pinheiro
  • Produção: RTP
  • Ano: 2014