Concentrações humanas
A população mundial encontra-se distribuída de forma desigual na superfície terrestre, polarizando-se em torno de grandes concentrações humanas que correspondem a áreas atrativas. A estas áreas opõem-se outras, de caráter mais inóspito, cuja repulsão é responsável pela existência de grandes vazios humanos a nível mundial. Estudar estas áreas implica, necessariamente, proceder à sua localização, mas igualmente identificar e compreender os fatores naturais e humanos que estão na base das dinâmicas de atração versus afastamento de população às referidas áreas.
Uma análise à distribuição da população mundial (Fig.1) permite verificar que nem todas as regiões do nosso planeta estão igualmente povoadas. Portanto, dizemos que a distribuição da população mundial é irregular.
As áreas de forte concentração de população são designadas por grandes concentrações humanas ou focos demográficos, ao passo que as vastas áreas desabitadas ou onde a população é escassa, são designadas por vazios humanos.
As grandes concentrações humanas localizam-se na Ásia Oriental, Ásia Meridional, Europa Ocidental e Central e Nordeste dos Estados Unidos da América.
Pode ainda falar-se da existência de outros focos demográficos secundários, de forte densidade populacional (número de habitantes por unidade de área), embora de menor importância, em comparação com os anteriores: região africana em torno do Golfo da Guiné, o Vale do Nilo e o Próximo Oriente, a faixa atlântica do Sul do Brasil e certas ilhas da Indonésia, como Java.
Podemos enumerar um conjunto de fatores naturais, históricos, económicos e sociais responsáveis pelas elevadas densidades populacionais destas áreas. Assim, nos focos de povoamento da Ásia, África e Delta do Nilo, a grande concentração demográfica deve-se aos solos férteis em aluviões junto às margens dos rios, favorecendo a prática agrícola desde tempos imemoriais (Fig.2).
Mas também se deve ao clima, já que as elevadas temperaturas e a grande humidade permitem o desenvolvimento rápido das culturas, conseguindo-se duas a três colheitas por ano de arroz, cereais ou fruta. Como são áreas ricas em produtividade agrícola, são, consequentemente, áreas que garantem a alimentação das populações, pelo que há uma grande percentagem de ativos empregues na agricultura. (Fig.3).
Estas concentrações demográficas são também explicadas por razões históricas. A História e as civilizações têm desempenhado um papel importante na distribuição da população, na medida em que a antiguidade de ocupação do solo é um fator importante de povoamento.
A concentração da população nos vales e nos deltas de alguns rios, como o Ganges, o Indo ou o Nilo, por exemplo, resulta da existência de antigas civilizações que tiveram a capacidade de realizar obras hidráulicas e de desbravar florestas com vista ao cultivo do solo, permitindo a fixação, desde a Antiguidade, de grandes massas humanas nessas áreas.
Em geral, os fatores físico-naturais detêm um papel quase determinante na distribuição da população mundial, desde o início da humanidade. Os climas amenos, as áreas de relevo plano e de baixa altitude (que facilitam a prática agrícola e as comunicações), o predomínio de solos férteis, a proximidade dos rios, pela disponibilidade de água, mas também como vias de comunicação, foram e continuam a ser fatores muitos importantes.
É indiscutível a grande influência destes fatores de ordem natural, desde sempre, na repartição da população, contudo, nos últimos dois séculos, o ser humano, pelo aprofundamento do desenvolvimento tecnológico, tem transformado e adaptado o meio para benefício das sociedades humanas, em função das suas necessidades. Os fatores socioeconómicos são hoje decisivos na fixação da população.
Na Europa Ocidental e Central e no Nordeste dos Estados Unidos da América, os fatores socioeconómicos destacaram-se. As populações tendem a concentrar-se em lugares onde as atividades económicas como a indústria, o comércio e os serviços têm maior peso, pois criam muitos postos de trabalho, melhorando o nível de vida da população (Fig.4).
As vias de comunicação e a garantia de acessibilidade também são fatores que condicionam o aparecimento de grandes concentrações humanas, pois é junto a elas que se desenvolvem as atividades económicas, sendo fundamentais para circulação de pessoas, bens e mercadorias, para abastecimento de matérias-primas, distribuição dos produtos para os mercados consumidores, estruturando as próprias áreas urbanas (Fig.5).
Estas, por seu lado, concentrando cidades e centros urbanos são, per si, grandes aglomerados humanos que reforçam a atração da população exterior, pois, pela concentração, diversidade e heterogeneidade de atividades, produtos, empregos, oportunidades e gentes, oferecem uma conjuntura de fatores positivos fortemente atrativos (variedade e quantidade de oportunidades económicas, sociais, culturais), facilitando a promoção social e a qualidade de vida a quem a elas aflui e nelas fixa residência.
SÍNTESE
- A distribuição da população mundial é irregular. As áreas de forte concentração de população são designadas por grandes concentrações humanas ou focos demográficos.
- As grandes concentrações humanas localizam-se na Ásia Oriental, Ásia Meridional, Europa Ocidental e Central e Nordeste dos Estados Unidos da América.
- Existem dois tipos de fatores que explicam a concentração demográfica nestas áreas: os físico-naturais (climas amenos, relevos planos e de baixa altitude, solos férteis e disponibilidade de água) e os humanos (indústria, serviços, emprego, vias de comunicação, passado histórico, etc).
Ficha Técnica
- Área Pedagógica: População e Povoamento - Áreas de fixação humana
- Tipologia: Explicador
- Autoria: Associação de Professores de Geografia
- Ano: 2021
- Imagem: Composição fotográfica de retratos / PxHere