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O imperialismo europeu no século XIX

O imperialismo europeu no século XIX

Na segunda metade do século XIX, a Europa exerceu o seu imperialismo sobre os outros continentes através do colonialismo, de protetorados ou concessões. À Inglaterra, França e Portugal juntaram-se a Bélgica, Alemanha, Itália e Rússia, surgindo rivalidades entre os Estados europeus, que disputavam as matérias primas, os mercados de consumo e de investimento dos restantes continentes, para onde exportavam os seus excedentes populacionais e os seus valores culturais.

Na segunda metade do século XIX, os Europeus dominavam grande parte do mundo. Neste segundo período de expansão europeia, países como a Inglaterra, França e Portugal renovaram o seu poderio sobre diversas regiões dos restantes continentes, e outros se lhes juntaram, como a Bélgica, Alemanha, Itália e Rússia, que nessa época procuraram estender as suas áreas de influência.

Assim se acentuou o imperialismo europeu, que assumiu diversas formas: o colonialismo, associado à conquista territorial; o protetorado, que implicava o controlo político indireto sobre uma região, uma vez que os governantes eram locais, mas selecionados e controlados pelos europeus; as concessões, conseguidas como contrapartida da prestação de serviços públicos, como a construção de caminhos de ferro, e que implicavam condições especiais de residência e comércio para estrangeiros, que controlavam grande parte dos negócios, influenciando a governação e difundindo a sua cultura livremente entre os habitantes locais.

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De todas as formas, o colonialismo foi a principal forma de dominação europeia, exercida sobre a África e sobre a Ásia e associando todas as facetas do imperialismo: domínio político, militar, económico e cultural dos europeus sobre as populações locais.

O imperialismo do século XIX teve vários tipos de motivações. Muito importantes terão sido as económicas, pois os territórios africanos e asiáticos eram fontes de matérias-primas, necessárias às indústrias europeias, que eram então as mais desenvolvidas (a Inglaterra, Alemanha, França e Bélgica eram os países mais industrializados). Eram também importantes mercados de consumo para os seus produtos industriais e oportunidades de investimento para os capitais europeus. O comércio intercontinental era igualmente controlado por companhias de transporte da Europa, trazendo-lhes os maiores lucros.

Além do mais, as colónias e protetorados eram um importante ponto de destino para as populações em excesso nos países europeus, resultantes do aumento demográfico proporcionado pela industrialização.

A nível cultural, difundiam-se ideias nacionalistas, que não só exaltavam as qualidades dos povos ocidentais, como defendiam a sua supremacia em relação aos restantes, qualificados como primitivos, o que servia de justificação para o domínio europeu sobre os restantes continentes. Defendia-se que a divulgação da técnica, ciência, instrução e religião dos europeus pelo mundo era até um benefício para os outros povos, vendo-se com naturalidade este processo de aculturação, baseado no preconceito racista de superioridade ocidental.

Ora, este renovado impulso imperialista dos Estados europeus despertou uma série de rivalidades.

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A presença dos Alemães no África Oriental, por exemplo, perturbou o plano inglês de construir um império do Cairo ao Cabo, projeto que também o Mapa Cor-de-Rosa, proposto por Portugal, poderia afetar, se tivesse sido bem-sucedido.

A França controlou a região da Argélia, Tunísia e Marrocos, este último partilhado com a Espanha, prejudicando o plano alemão de controlo do Norte de África.

Na Europa Oriental e na Ásia, a Rússia colonizou a Sibéria, Bessarábia, Geórgia, Azerbaijão, Arménia e Turquestão. Já a região dos Balcãs, que se conseguira autonomizar do Império Otomano, via-se agora a ser disputada pela Rússia e a Áustria-Hungria. Deste modo, nem a Europa escapou à expansão das potências imperialistas e à rivalidade entre elas.

O imperialismo da Rússia foi travado pela expansão japonesa no Extremo Oriente, disputa que na guerra de 1904-1905 resultou numa vitória do Japão, que alargou o seu domínio à Manchúria e Coreia. O Japão, desenvolvendo a sua indústria e vendendo os seus produtos a baixos preços devido aos baixos salários dos seus trabalhadores, assumiu-se como potência industrial e como tal procurou expandir as suas áreas de domínio.

As exceções ao imperialismo europeu eram precisamente as áreas de influência do Japão (Formosa, Coreia, Manchúria), mas também do Império Otomano (Médio Oriente) e dos Estados Unidos (Alasca, Cuba, Porto Rico, Filipinas, Havai).

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Com efeito, com o seu sucesso industrial, nomeadamente no setor energético e metalúrgico, os EUA competiam cada vez mais com a Europa, daí que ao longo do século XIX, os EUA procurassem evitar a dominação europeia sobre os novos países resultantes das revoluções de independência na América Central e do Sul, para onde exportavam os seus produtos, assim como para o Extremo Oriente. Por outro lado, detiveram a expansão da Rússia sobre o Alasca, território adquirido pelos EUA em 1867.

Síntese:

  • Na segunda metade do século XIX, a Europa exerceu o seu imperialismo sobre os outros continentes.
  • Surgiram grandes rivalidades entre os Estados europeus, agravadas pelas ideias nacionalistas.
  • As potências industriais europeias disputaram as matérias primas, os mercados de consumo e de investimento e escoaram os seus excedentes populacionais para os restantes continentes.

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Os afrontamentos imperialistas: o domínio da Europa sobre o Mundo. Identificar as principais potências coloniais do século XIX, salientando a supremacia europeia. Relacionar o imperialismo do século XIX com os processos de industrialização.
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação dos Professores de História/Sofia Condesso
  • Ano: 2021
  • Imagem: Cartaz da Guerra Sino-Japonesa 1904-1905, Yandex.ru