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Forças vivas debaixo do chão

Riscos Naturais: Sismos e Vulcões

Riscos Naturais: Sismos e Vulcões

As catástrofes são eventos dramáticos responsáveis por inúmeras perdas humanas, pela necessidade imperiosa de assistência à população, direta ou indiretamente afetada, e pela reconstrução do património construído e relançamento da economia, implicando custos avultadíssimos para os quais nem sempre os países têm capacidade económica a não ser recorrendo ao apoio internacional. Desde o tsunami no Sudeste Asiático que ceifou milhares de vidas em 2004, passando pelo furacão Katrina em 2005 que assolou New Orleans (EUA) até ao terramoto que destruiu o Haiti em 2010, todo e qualquer evento é noticiado em tempo real pelos meios de comunicação, conferindo uma sensação de proximidade temporal e espacial, particularmente, aos fenómenos catastróficos, de que decorrem ondas de solidariedade à escala global por se transformarem em realidades emocionalmente vividas por todos.

Em Portugal, tendo em conta os riscos com maior incidência no território continental (Fig.1), estes podem ser classificados de naturais (origem na natureza), tecnológicos (origem na ação humana) e ambientais ou mistos (origem na natureza e na ação humana).

Fig.1 – Tipologia dos riscos com incidência significativa em Portugal Continental, (Gaspar (coord.), 2004). APEGEO.PT

Os riscos naturais são fenómenos físicos de ordem natural que podem ter na sua origem eventos de natureza geofísica (sismos e erupções vulcânicas), climática (tempestades, furacões/ciclones, vagas de frio, vagas de calor, secas), hidrológica (cheias, inundações), geomorfológicas (deslizamentos) ou biológica (pragas de animais, epidemias).

Os sismos ocorrem ao longo das grandes falhas na fronteira das placas tectónicas e são o resultado de forças profundas no interior da Terra, que provocam a rutura inesperada e violenta nas camadas superiores da crosta terrestre, às vezes, rompendo a superfície, resultando na vibração do solo.

Um sismo pode ser avaliado consoante a sua intensidade e a sua magnitude.

A intensidade é um parâmetro que permite avaliar as vibrações sísmicas sentidas num certo local tendo em conta os efeitos produzidos em pessoas, objetos e estruturas. É medida através da Escala de Mercalli Modificada com doze graus baseados em perceções e em acontecimentos qualitativos, que vão desde o grau I – Impercetível (Não sentido. Efeitos marginais e de longo período no caso de grandes sismos), até ao grau XII – Danos quase totais (Grandes massas rochosas deslocadas. Estrutura topográfica distorcida. Objetos atirados ao ar).

Para avaliar a magnitude de um sismo, recorremos à Escala de Richter que mede a energia libertada no interior da Terra onde se inicia a rutura do material rochoso – hipocentro – e que se propaga através de ondas sísmicas.

Um sismo tem apenas uma magnitude, mas várias intensidades, pois as vibrações sísmicas serão sentidas de forma diferenciada em vários locais, dependendo da distância ao epicentro (local da superfície terrestre que está exatamente acima do hipocentro do sismo), da estrutura geológica da área, do tipo de construções ou da densidade populacional.

A Escala de Richter, contrariamente à de Mercalli, é quantitativa, pois a magnitude é calculada a partir dos dados dos sismogramas. A escala tem oito graus, apresentando desde magnitudes inferiores a 2 (microssismos impercetíveis pelo ser humano) até magnitudes superiores a 8 (pode causar danos sérios num raio de várias centenas ou milhares de quilómetros em torno do epicentro). Sendo uma escala logarítmica, a subida de uma unidade na escala representa um aumento da energia libertada cerca de trinta vezes maior.

Portugal localiza-se num ambiente tectónico particularmente suscetível à ocorrência de sismos, sobretudo nos locais de existência de falhas tectónicas. Em geral, a sismicidade aumenta de intensidade de norte para sul, sendo classificados com suscetibilidade elevada os distritos de Faro, Beja, Setúbal, Lisboa e Santarém (Fig.2).

Fig.2 – Carta de isossistas de intensidade máxima. PNNRC.PT

As erupções vulcânicas acontecem quando a partir de um vulcão são expelidos lava e gás – materiais que são provenientes do interior profundo da Terra. Nem todos os vulcões têm o mesmo tipo de erupção, o mesmo material expelido e a mesma intensidade na expulsão dos materiais. O tipo de erupção está relacionado com a proporção de rocha, de gases e de lava que se encontra no interior do aparelho vulcânico.

Assim, podemos ter erupções de tipo explosivo e erupções de tipo efusivo. As erupções explosivas são as mais violentas pois os gases e o vapor que se acumulam sob as camadas de rocha são violentamente libertados para a atmosfera, expelindo a grande altitude os materiais que vão ascendendo (piroclastos ou fragmentos de rocha ígnea). Nas erupções efusivas, dá-se a libertação de lava fluida, que escorre a grande velocidade (pode atingir os 30km/h), e as escoadas de lava são longas, podendo deslocar-se até várias dezenas de quilómetros.

Numa erupção vulcânica, o fluxo de piroclastos que desce do cone vulcânico após a explosão, ou a corrente de magma que nas erupções efusivas escoa pelas vertentes, é o que provoca danos catastróficos na população, nas construções, nos terrenos e nas florestas, arrastando e queimando tudo no seu percurso e causando muitas mortes (Fig.3).

Fig.3 – Passagem da lava até ao mar, na Ilha de La Palma (Canárias), durante a erupção de 2021. ANGEL MEDINA / EPA

Os gases e as cinzas expelidos nas erupções são também altamente nefastos para a população, tornando o ar irrespirável. Porém, as cinzas são úteis para a fertilização dos terrenos agrícolas nas áreas onde caem.

As erupções vulcânicas originam grandes movimentos populacionais, já que um grande número de pessoas é frequentemente forçado a fugir da lava em movimento ou do fluxo piroclástico que ameaça as localidades nas imediações do vulcão (ex vulcão dos Capelinhos na ilha do Faial, 1957).

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SÍNTESE

  • Os riscos e as catástrofes podem ser de origem natural, causados por fatores físicos com origem na natureza, ou de origem antrópica, quando resultam da ação humana.
  • O conhecimento dos perigos (sismos e vulcões) e respetivos riscos é fundamental para o sucesso na redução ou mesmo eliminação do risco de catástrofe natural, daí que, o mesmo fenómeno, ocorrendo com a mesma intensidade, possa provocar graves danos em alguns locais e noutros não.
  • Os mapas temáticos são fundamentais nas políticas de emergência e proteção civil, para delimitar o grau de exposição aos diferentes riscos e, assim, propor as medidas mais sustentáveis de mitigação e prevenção dos efeitos destrutivos das catástrofes.

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Ambiente e Sociedade - Riscos Naturais
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação de Professores de Geografia
  • Ano: 2021
  • Imagem: Vulcão Sabancaya em erupção, situado nos Andes (sul do Peru), MonikaP / Pixabay