Vieira Lusitano, o pintor do Barroco português

Francisco Vieira de Matos (1699-1783), o Lusitano, é o pintor do Barroco português. Quer na pintura, quer no desenho, revela um domínio artístico absoluto... é além do seu talento natural, aprendeu com os grandes mestres italianos.

Entre Lisboa e Roma viaja a paixão de Francisco Vieira de Matos pela pintura e pelo desenho. Tudo começa quando o Marquês de Fontes repara no talento do filho do fabricante de meias. Toma o rapaz como seu protegido e leva-o para a cidade eterna onde o põe a estudar dos 13 aos 20 anos.

Francisco segue as aulas de Benedeto Lutti e de Franscisco Trevisani, absorve a arte dos mestres, aprende a dominar diferentes técnicas. Ainda nem completara a sua formação, já o marquês lhe encomenda os desenhos das peças do trem de gala da embaixada de Portugal. De acordo com o escritor Júlio de Castilho, o acontecimento é um espetáculo de minuciosa ostentação.

Por esta altura temos Francisco em primeiro lugar no concurso da distinta academia de S. Lucas – onde mais tarde irá lecionar – com o quadro “Noé embriagado diante dos seus filhos”. Aqui nasce então Vieira Lusitano, pintor do século XVIII, único português a vencer o famoso concurso Clementino e que acabará por chamar a atenção do rei D. João V.

Mas antes disso, Francisco vive as turbulências do amor: um casamento em segredo, a noiva enviada pela família para o convento , o pintor a refugiar-se em Itália durante cerca de sete anos para depois, finalmente, regressar à sua cidade natal e resgatar D. Inês da clausura. São histórias que nos chegam intactas no seu poema autobiográfico “Insigne pintor e leal amante”, publicado no final da vida.

Estamos agora em  1733, ano em que é nomeado pintor da casa real de el-rei D. João V e por isso irá receber “60$000 réis mensais com as obras pagas”. Desta fase são os painéis religiosos que produz para a Patriarcal, também a “Tomada de Lisboa aos Mouros”, composição para o teto da Igreja dos Mártires, retratos da Família Real, o retrato do primeiro Patriarca de Lisboa, “Oração no Horto”, “S. Pedro chorando a culpa”. A lista é imensa mas muitas destas obras vão desaparecer para sempre no grande terramoto de 1755.

Vieira Lusitano chega a viver em Mafra onde participa na decoração da Basílica e do Convento, projeto central do barroco português. É lá que conhece o jovem escultor Machado de Castro com quem estabelece uma relação de amizade e uma colaboração profissional.

As pinturas, desenhos, ilustrações e decorações de Vieira Lusitano  fazem dele um dos mais importantes pintores do Barroco. Três anos antes de falecer no Convento do Beato em Lisboa, o pintor aceita ainda um último cargo: diretor da Academia do Nu, que mais tarde passará a chamar-se Academia Real de Belas-Artes de Lisboa.

 

 

Temas

Ficha Técnica

  • Título: Grandes Quadros Portugueses
  • Tipologia: Extrato de Programa
  • Produção: Companhia de Ideias
  • Ano: 2012