Diamang, Um Estado dentro do Estado
Com poderes incomparáveis dentro do Império, a Diamang foi a maior companhia colonial portuguesa. Geriu dezenas de milhar de pessoas num território equivalente a um terço de Portugal continental. Com o monopólio da extração e comercialização de diamantes em Angola, beneficiava de controlo total, chegando a possuir alfândega e exército próprio. Teve um papel fulcral nas exportações e no fornecimento de divisas ao Estado.
Criada em 1917, a Companhia de Diamantes de Angola (Diamang) era financiada por capitais mistos, obtendo o Governo Colonial cerca de metade dos lucros da empresa que, em meados do século XX, chegou a ser uma das cinco maiores diamantíferas do mundo. Passaria a ser totalmente controlada pelo governo angolano no final dos anos 70, dando lugar à Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama).
A Diamang era gigantesca em todos os sentidos. Abrangia cerca de 52 mil quilómetros quadrados na zona das Lundas, fazendo fronteira com as atuais Zâmbia e República Democrática do Congo. Dada a dimensão, era um sorvedouro de mão de obra, chegando a ter perto de 30 mil trabalhadores. A maioria, negros nativos recrutados à força, tendo a zona chegado a ser militarmente ocupada.
O trabalho forçado na diamantífera angolana perdurou até finais da década de 60, reflexo de uma companhia que era a imagem do regime político, ao ser ela própria um instrumento da sua afirmação. Além dos mineiros, a Diamang obrigava ainda ao trabalho de mulheres e crianças na lavoura e nos serviços de apoio aos acampamentos.
No Dundo, a vila sede da empresa, a hierarquia assumia o seu expoente máximo numa espécie de apartheid não declarado. Brancos e negros não se misturavam entre eles nem entre si mesmos. No perímetro urbano viviam, com todas as benesses, os altos quadros da mineradora e de forma mais modesta os outros brancos. A zona suburbana acolhia os assimilados e, sem condições dignas de habitabilidade, os indígenas.
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Ficha Técnica
- Título: História a História África - Diamang, Um Estado Dentro do Estado
- Tipologia: Documentário
- Autoria: Fernando Rosas
- Produção: RTP / Garden Films
- Ano: 2017