Quadro Natural da Península Ibérica
Portugal localiza-se no extremo sudoeste da Europa e da Península Ibérica, território que divide com Espanha e um pequeno estado independente nos Pirenéus (Andorra). Sendo esta península uma unidade geomorfológica única, quando descrevemos o relevo, a hidrografia, a vegetação e até o clima do nosso país, é forçosa a referência ao conjunto em que se insere. É no relevo e na hidrografia que essa pertença ao território ibérico mais se faz notar.
Relevo
Localizada no extremo sudoeste da Europa, a Península Ibérica é uma região bastante montanhosa, constituída por um conjunto de cordilheiras e planaltos que apresentam uma tendência geral de inclinação para ocidente (Fig.1A).
Destacam-se a Cordilheira Central que divide a meio o Planalto central/Meseta Ibérica; a Cordilheira dos Pirenéus, na fronteira com França; a Cordilheira Cantábrica, localizada a norte; e a Cordilheira Bética, localizada a sudeste.
No território continental, destacam-se os relevos montanhosos da Serra da Estrela, Serra do Gerês e Serra do Larouco, entre os 1000 e os 1500m de altitude (Fig.1B).
Quanto às planícies, são especialmente importantes as dos rios Ebro e Guadalquivir, e em território português, as dos rios Tejo e Sado.
Rios
Os rios ibéricos nascem nas grandes cadeias montanhosas, em particular, na central. Como a sua inclinação dominante é em direção a oeste, é nesse sentido que correm os rios principais, à exceção do Ebro que nasce na Cordilheira Cantábrica e desagua no Mediterrâneo (Fig.2).
Em Portugal, assumem especial importância os rios internacionais (cerca de 64% do território) que fluem nas maiores bacias hidrográficas da Península Ibérica (Fig.3), nomeadamente, as dos rios Minho, Douro, Tejo e Guadiana.
Para além destas, existe ainda um conjunto de bacias de menor área, onde se destacam os rios Lima, Neiva, Cávado e Ave, na região entre Minho e Douro; o rio Mondego (o de maior dimensão inteiramente português) e o rio Vouga, na região entre Douro e Tejo; e os rios Sado e Mira, entre as bacias hidrográficas do Tejo e do Guadiana.
De realçar ainda a existência de um conjunto de rios e ribeiras de menor dimensão na região oeste a norte de Lisboa (Ribeiras do Oeste) e outro a sul (Ribeiras do Algarve). Estes rios apresentam um regime irregular de acordo com o clima- forte caudal no outono e inverno e grande diminuição na primavera e no verão.
Clima
Em termos climáticos (vídeo RTP Ensina), a Península Ibérica insere-se na Zona Temperada do Norte e apresenta vários domínios climáticos no conjunto dos climas temperados, com quatro estações em geral bem marcadas:
- a norte e noroeste mais húmido e com mais precipitação, a temperatura é mais amena no verão e mais suave no inverno – Clima Temperado Marítimo ou Temperado Mediterrâneo com influência marítima em algumas regiões da fachada ocidental;
- no interior onde a precipitação é mais escassa, os invernos são muito frios e os verões muito quentes – Clima Temperado Continental;
- a sul a precipitação é escassa, os invernos são suaves e os verões quentes e prolongados – Clima Temperado Mediterrâneo.
A localização de Portugal continental na fachada ocidental da Península Ibérica confere-lhe, do ponto de vista climático, características diversas do restante território ibérico, no entanto, mantém-se algumas referências comuns. Sendo predominantemente Temperado Mediterrâneo, adquire características diferentes de norte para sul e do litoral para o interior, resultando em variantes possíveis de distinguir em especial pela duração do período seco.
Vegetação Natural
Embora as atividades humanas sejam responsáveis pela destruição das florestas e diminuição da biodiversidade a nível global, em cada lugar é possível encontrar sempre vestígios da chamada vegetação autóctone, ou seja, aquela que é específica desse lugar, atendendo às condições particulares de clima e relevo que nele se registam.
A vegetação está fortemente dependente destes fatores naturais, pelo que, na Península Ibérica, é possível individualizar duas zonas – a Ibéria húmida e a Ibéria seca – nas quais as espécies vegetais dominantes estão diretamente relacionadas com os subtipos climáticos associados a cada zona.
Na Ibéria húmida, o clima temperado marítimo é favorável à existência de espécies caducifólias, ou seja, espécies que perdem a sua folha no outono como, por exemplo, o carvalho e o castanheiro (Fig.7A,7B).
Na Ibéria seca, as espécies vegetais estão adaptadas à menor disponibilidade hídrica, preservando a sua folha ao longo do ano – árvores perenifólias – como são os casos da azinheira e do sobreiro (Fig.8A,8B).
SÍNTESE
- A Península Ibérica localiza-se na Zona Temperada do Norte no extremo sudoeste do continente europeu.
- O relevo apresenta as maiores altitudes em território espanhol, nas cordilheiras Central, Cantábrica, Bética e Pirenéus.
- As bacias hidrográficas são, na sua maioria, luso-espanholas com a nascente na parte espanhola e a foz em Portugal. Destacam-se as bacias dos rios Minho, Douro, Tejo e Guadiana.
- O Clima Temperado Mediterrânico é dominante no conjunto ibérico, contudo, de norte para sul e do litoral para o interior, existem especificidades regionais que levam os locais a apresentarem este clima mas com influência de outros domínios climáticos.
- Em termos de vegetação, no conjunto ibérico, individualizam-se duas zonas – a Ibéria húmida e a Ibéria seca – nas quais as espécies caducifólias e perenifólias estão, respetivamente, associadas à maior influência do clima temperado marítimo ou mediterrâneo.
Temas
Ficha Técnica
- Área Pedagógica: Meio Natural - Características naturais da Península Ibérica
- Tipologia: Explicador
- Autoria: Associação de Professores de Geografia
- Ano: 2021
- Imagem: Panorâmica da Serra da Estrela (Portugal), mafaldamouton / Pixabay