Das causas ao final da I Guerra Mundial
As rivalidades territoriais e económicas, na Europa e nas suas colónias, e a intensificação dos nacionalismos estiveram nas origens da Primeira Guerra Mundial. As alianças prévias e o envolvimento das colónias potenciaram a sua mundialização, mas foi na Europa que se concentraram muitos dos combates, nas frentes Ocidental, de Leste e Balcânica. A entrada dos EUA revelou-se determinante para a vitória final dos Aliados e após a guerra, a Europa perderá a sua preponderância.
No início do século XX, a Europa era um continente poderoso, mas marcado por divergências internas. Os regimes políticos variavam entre as democracias liberais, a Ocidente e as monarquias autocráticas, no centro e leste da Europa (Impérios Alemão, Austro-Húngaro e Russo). Por todo o continente, a burguesia e o operariado procuravam afirmar-se na vida económica, social e política.
Muitos dos Estados europeus eram potências coloniais, competindo pelo acesso às matérias primas e pelos mercados do mundo, destacando-se a rivalidade da Alemanha com a Inglaterra e a França.
A competição era agravada pelas disputas territoriais no continente europeu, motivadas por conflitos antigos e pelos nacionalismos, que não só exaltavam o orgulho de cada povo, como muitas vezes denegriam os restantes. Assim, a França e a Alemanha disputavam a região da Alsácia-Lorena, a Polónia pretendia libertar-se do domínio dos Impérios Russo, Austro-Húngaro e Alemão, os povos balcânicos queriam consolidar a sua autonomia face ao Império Turco e defender-se do poderio Austro-Húngaro e Russo.
Tal resultou numa corrida aos armamentos e na celebração de coligações político-militares, nomeadamente a Tríplice Aliança entre a Alemanha, o Império Austro-Húngaro e a Itália, por um lado, e a Triple Entente entre a Inglaterra, a França e o Império Russo, por outro. Vivia-se um clima de paz armada.
Em 1914, o assassinato do príncipe herdeiro do Império Austro-Húngaro, em Sarajevo, alvejado por um estudante sérvio, fez desencadear a guerra. As alianças prévias facilitaram o seu alastramento, uma vez que a Áustria declarou guerra à Sérvia, que era aliada do Império Russo; seguir-se-ia a entrada no conflito da Triple Entente (os Aliados). Por seu turno, ao lado da Áustria mobilizou-se a Alemanha (as Potências Centrais).
Seriam envolvidos cerca de trinta países e aproximadamente cinquenta milhões de pessoas. De início, as populações eram favoráveis à guerra, pensando que se resolveria rapidamente. Entre os opositores da Alemanha, acreditava-se que tinha que se impor uma barreira às suas tendências expansionistas e que esta seria “a guerra para acabar com todas as guerras”, nas palavras do Presidente Wilson, dos EUA.
Em 1914, numa primeira fase de guerra de movimentos, as forças militares das Potências Centrais avançaram em duas frentes, sobre a Bélgica (que era neutral) e a França a Ocidente e sobre a Rússia a leste. Atacando também as possessões dos seus opositores na África e na Ásia, contribuíram para a mundialização do conflito.
Na segunda fase assistiu-se a um reequilíbrio de forças e a um impasse, com enormes perdas materiais e humanas – a guerra das trincheiras, em que os soldados de ambas as partes escavavam valas e abrigos para defender as suas posições. Na Batalha do Marne, ainda em 1914, os franceses detiveram as forças alemãs, estabilizando-se a frente ocidental do mar do Norte à Suíça e desta até ao Mar Adriático.
Nas batalhas de Verdun e do Somme, em 1916, as tentativas de avanço não tiveram sucesso. Na frente oriental, do Mar Báltico ao Mar Negro, com o apoio da Áustria, os alemães conseguiram vencer as forças russas na Batalha de Tannenberg, mas foram detidos pelo inverno. A Sul, a frente balcânica estendia-se do Mar Adriático à Turquia.
Tendo enviado tropas em defesa das colónias em África em 1914, foi em 1916 que se deu a entrada oficial de Portugal na guerra, juntando-se aos Aliados, tal como fizeram a Itália, Grécia, Japão, China, Brasil enquanto o Império Turco e a Bulgária se aliaram às Potências Centrais.
A partir de 1917 iniciou-se nova etapa. Foram cruciais os progressos técnicos e científicos aplicados à guerra – à artilharia, metralhadoras e granadas, aos gases tóxicos, submarinos, tanques e aviação de guerra. As forças alemãs poderiam ter ficado em vantagem com a retirada do exército russo, após a revolução soviética. No entanto, retomou-se a guerra de movimentos com a participação dos EUA, em resposta aos ataques alemães às suas embarcações, e à sua tentativa de mobilizar o México. Com a superioridade militar, o bloqueio económico e novas estratégias militares, primeiro a Áustria e depois a Alemanha foram forçadas a recuar e a capitular, assinando-se o Armistício a 11 de novembro de 1918.
Com o continuar da guerra, o otimismo inicial dera lugar ao sofrimento, registando-se cerca de 8 milhões de mortos e 6 milhões de incapacitados, entre soldados, enfermeiras, voluntários e civis. A destruição de campos, fábricas, vias e cidades provocou a falta de bens, a inflação, a insegurança e as migrações. Passos importantes foram dados para a emancipação da mulher, dado o seu importante papel na economia e na sociedade dos países em guerra e aumentaram os movimentos pacifistas, assim como a contestação aos governos, culpabilizados pela guerra.
Síntese:
- As rivalidades territoriais, nacionalistas e económicas entre as potências industriais contam-se entre as causas da Primeira Guerra Mundial.
- As alianças celebradas antes da guerra e o envolvimento dos territórios coloniais potenciaram a mundialização do conflito.
- Na Europa, a primeira fase de guerra de movimentos foi seguida pela guerra de posições, retornando-se por fim aos movimentos.
- As perdas humanas e materiais abalaram os povos e resultaram na perda da hegemonia europeia.
Temas
Ficha Técnica
- Área Pedagógica: Conhecer e compreender as causas e o desenrolar da 1ª Grande Guerra. Caracterizar sucintamente as frentes e as fases da 1ª Grande Guerra. Referir os custos humanos e materiais da 1ª Grande Guerra.
- Tipologia: Explicador
- Autoria: Associação dos Professores de História/Sofia Condesso
- Ano: 2021
- Imagem: Ataque de tropas francesas, François Flameng