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Ativismos nas redes e espaço público global

Ativismos nas redes e espaço público global

Em agosto de 2018, a adolescente Greta Thunberg decidiu começar uma greve pelo clima: todas as sextas-feiras, deixava de ir às aulas para sentar-se com um cartaz em frente ao parlamento da Suécia. No ano seguinte, jovens de todo o mundo, também em Portugal, aderiram às #fridaysforfuture e, mesmo sem se conhecerem pessoalmente, organizaram em conjunto greves climáticas estudantis em várias cidades. Foram um dos principais motivos para que, hoje, o mundo todo fale sobre a crise climática.

O ativismo é uma forma de participação em nome das causas que consideramos importantes. A forma mais clássica de participação política é votar, mas está longe de ser a única. Quem faz ativismo põe mãos à obra para mudar o mundo (ou pelo menos uma parte dele), influenciando as pessoas que estão à sua volta e também aquelas que tomam decisões: governantes ou membros do parlamento, ou a opinião pública em geral, dependendo das causas. Muitas vezes, os ativistas fazem parte de movimentos sociais, como é o caso de ambientalistas, feministas, anticapitalistas, movimentos pelos direitos dos animais, pelo direito à habitação ou pelos direitos humanos em geral.

Com a internet e as redes sociais online, os grupos que não têm condições de estar sempre juntos podem trocar ideias e reunir em tempo real, cada um em sua casa. As causas chegam mais longe e passam a ser uma conversa em que mais gente participa. As ações organizam-se de forma mais rápida, mas os resultados podem também ser mais efémeros. Mas já vamos falar disso.

Nas redes, há muitas ferramentas que podem ser usadas pelos ativistas. As conversas podem acontecer em grupos de chat, fóruns de discussão ou listas de e-mail. As mensagens transmitem-se através de newsletters, podcasts, blogues, páginas do FaceBook, contas no Instagram. A ação nas redes pode ganhar a forma de campanhas virtuais, por exemplo, usando #hashtags ou criando petições. Quer quando as ações acontecem na rua, quer quando são online, as redes sociais ajudam a divulgar o que está a acontecer e a tornar o ativismo mais visível.

É importante passar a palavra, mostrar aos amigos que se defende uma ideia. Mas se a Internet permite aderir a uma causa em poucos cliques, para mudar a sociedade, diz quem estuda estas coisas, é preciso tempo, compromisso e uma estratégia bem definida. Estar sempre a trocar ideias. E trabalhar de forma coletiva, incluindo pessoas online e offline — não te esqueças de que muitas pessoas usam a Internet e têm acesso às redes sociais, mas nem todas.

Lembra-te de que estar bem informado é essencial para tomar decisões e para ser um bom cidadão ou cidadã. É aqui que entram os jornais, rádios, televisões, sites noticiosos. Nestes tempos em que há muita informação falsa nas redes sociais, é importante estar atento, cruzar informações, verificar se as fontes são credíveis. Quando uma causa se torna importante, os jornalistas podem colocar perguntas e escrever notícias sobre as propostas. Entretanto, vão aparecendo projetos alternativos, que tentam cobrir os temas que acham que os média tradicionais falam pouco. Quando um tema mexe com mais pessoas, pode convencer quem toma as decisões de que é altura de levar esta causa a sério.

Afinal, o ativismo nas redes pode fazer a diferença? Vejamos: greve climática estudantil, #MeToo, Black Lives Matter, Geração à rasca, Primavera Árabe ou os Indignados. Talvez nem todos estes movimentos tenham atingido os objetivos. Talvez nem te lembres de todos, apesar de terem acontecido nos últimos 10 anos. Mas, cada um à sua maneira, colocaram algumas causas sociais no espaço público. E foram fazendo com que o mundo não fosse mais o mesmo.

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Ficha Técnica

  • Título: Ativismos nas redes e espaço público global
  • Área Pedagógica: Ensino para os Media
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Aline Flor - Associação Literacia para os Media e Jornalismo (ALPMJ)
  • Produção: RTP
  • Ano: 2021
  • Imagem: Foto de Markus Spiske no Pexels