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A implantação da República

A implantação da República

O 5 de outubro desenrolou-se sobretudo na Rotunda, onde os militares republicanos se sitiaram, e no Tejo, onde os bombardeamentos da Marinha puseram em fuga o rei. A indefinição das forças monárquicas entre defender o Rossio ou atacar a Rotunda, associada a uma manobra diplomática, precipitou a implantação da República, cuja base de apoio social era o operariado e a pequena e média burguesia.

Os acontecimentos do 5 de outubro de 1910, que culminaram na implantação da República, começaram a desenrolar-se no dia 4 de outubro, quando um grupo de oficiais republicanos, à frente de cerca de dois mil homens de Infantaria 16, Artilharia 1 e da Marinha, deu início a um golpe militar.

Às primeiras horas da madrugada as tropas de Infantaria 16 e Artilharia 1, após se terem sublevado nos quartéis, deslocaram-se para a Rotunda, onde aguardaram o ataque das forças militares afetas à monarquia. As notícias do não alinhamento de alguns oficiais republicanos e do suicídio do almirante Cândido dos Reis (por pensar que a sublevação da Marinha falhara) provocaram a deserção de alguns dos oficiais presentes na Rotunda, tendo Machado Santos assumido o comando dos sargentos e praças que aí ficaram, bem como dos elementos da Carbonária e dos civis que se lhes juntaram.

Implantação da República, 5 de outubro de 1910
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Implantação da República, 5 de outubro de 1910

O primeiro recontro com as forças defensoras da monarquia, lideradas por Paiva Couceiro, só aconteceu ao início da tarde, retirando-se estes por terem menos poder de fogo que os republicanos que estavam a utilizar as armas trazidas de Artilharia 1. A Marinha atacou a partir do Tejo durante a tarde, tendo os navios S. Rafael e Adamastor bombardeado o Terreiro do Paço e o Palácio das Necessidades, de onde o rei D. Manuel II se pôs em fuga para o Palácio de Mafra.

A dúvida, que se gerou entre as forças militares monárquicas, sobre um eventual desembarque da Marinha levou-as a proteger o Quartel General, no Rossio. O bombardeado ocorrido à noite fez com que o segundo ataque às forças republicanas da Rotunda, liderado por Paiva Couceiro, só ocorresse às primeiras horas da madrugada do dia 5 de outubro, voltando a regista-se a superioridade da artilharia em poder dos republicanos.

Entretanto, no Rossio a situação descontrolou-se devido à insubordinação das tropas monárquicas face aos oficiais e ao aumento de populares na praça, no momento em que um diplomata alemão pediu autorização ao general Gorjão (fiel ao rei) para negociar com os republicanos a retirada dos estrangeiros. O general aceitou esse pedido para poder ganhar tempo para a chegada de reforços monárquicos. No entanto, quando o diplomata subiu a Avenida da Liberdade, de bandeira branca na mão, suscitou a ideia de que os monárquicos se rendiam e Machado Santos aproveitou o acontecimento para descer a Avenida, entrar no Quartel General e forçar a demissão do general Gorjão.

Fotografias da Revolução de 5 de Outubro 1910
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Pelas 9 horas da manhã, José Relvas, à frente de uma delegação do Partido Republicano, proclamou a implantação da República, na varanda dos Paços do Concelho de Lisboa. A monarquia em Portugal chegava ao fim, tendo o rei D. Manuel embarcado nessa tarde, na Ericeira, para o exílio.

A República foi implantada no resto do país por telégrafo, não se registando incidentes de maior, ao contrário do que aconteceu em Lisboa, em que se contaram cerca de 70 mortos e 300 feridos, a maior parte deles civis vítimas de fogo cruzado, que quiseram testemunhar os acontecimentos. A base social de apoio da República era maior no sul do que no norte do país e era constituída por grande parte do operariado, que esperava o aumento de salários, a redução das jornadas de trabalho e a melhoria das condições de vida e de trabalho.

Também a pequena e média burguesia, que se ressentia das crises económicas e dos impostos elevados por ter salários/rendimentos relativamente baixos, aguardava as mudanças propostas pelo Partido Republicano. Entre os seus apoiantes destacavam-se advogados, médicos, vereadores de câmaras municipais e juntas paroquiais, militares de baixa patente, donos de lojas e seus empregados, patrões e trabalhadores agrícolas, mas também intelectuais como Teófilo Braga, que viria a ser o presidente do primeiro governo provisório da República.

A história do Hino Nacional
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Para vincar bem a mudança de regime a República adotou novos símbolos nacionais: a bandeira, o hino (que se mantêm atuais) e a moeda (o escudo substituiu o real e foi substituído pelo euro em 2002).

Síntese:

  • Os acontecimentos do 5 de outubro, na Rotunda e no Tejo, mostraram que o poder de fogo das forças monárquicas era inferior ao dos republicanos, que tinham conseguido a artilharia de Infantaria 1 e os navios de guerra.
  • A fragilidade da resposta das forças monárquicas precipitou os acontecimentos que culminaram na implantação da República às 9 horas da manhã de 5 de outubro.
  • O operariado e a pequena e média burguesia, mais no sul que no norte do país, constituíam a base de apoio social da República.
  • A República adotou novos símbolos nacionais: a bandeira, o hino e a moeda.

Temas

Ficha Técnica

  • Área Pedagógica: Descrever sucintamente os acontecimentos do 5 de outubro, identificando a base social de apoio da República.
  • Tipologia: Explicador
  • Autoria: Associação de Professores de História/ Mariana Lagarto
  • Ano: 2021
  • Imagem: Cartaz comemorando a implementação da República