A terra e o céu nos globos de Coronelli
A dupla de globos - terrestre e celeste - do cartógrafo e cosmógrafo Vincenzo Coronelli, que chegaram a Portugal no reinado de D. João V, retratam a terra e céu tal como eram conhecidos em 1693. Foram reencontrados, em mau estado, em finais do século XIX, por Luciano Cordeiro, e adquiridos para restauro pela Sociedade de Geografia de Lisboa, onde estão até hoje. Pérolas da ciência e da arte.
São estruturas esféricas em madeira, com um eixo e aduelas cobertas por telas que são verdadeiras obras de arte. Um dos globos revela as constelações celestes conhecidas pela cosmografia no século XVII e no outro vemos desenhado, pela mão de cartógrafos e pintores, o mundo terrestre desbravado pelo homem até 1693.
Esta forma de representação era comum nas cortes europeias e entre as sociedades científicas até ao século XX. Os globos mostram o mundo à sua semelhança: redondo, e por isso mais fiel do que um planisfério, além de refletir também a inclinação do eixo da Terra, o que lhe dá um plano realista em relação ao espaço.
A esfera celeste era sobretudo usada para o estudo da astronomia e para a navegação marítima. É um globo de raio indefinido, mas com base nas coordenadas terrestres. Representava de certa forma uma ilusão, já que as distâncias e os movimentos do firmamento não eram possíveis de fixar. Apenas as posições dos astros em relação à superfície terrestre eram projetáveis.
A Sociedade de Geografia de Lisboa alberga esta dupla de globos de Vincenzo Coronelli, responsável por muitas peças semelhantes para as cortes do século XVII. A cartografia estava então em franca expansão, acompanhando o desbravamento de territórios por parte de potências colonizadoras, entre as quais Portugal.
Temas
Ficha Técnica
- Título: Visita Guiada - Sociedade de Geografia de Lisboa - temporada 9, episódio 16
- Tipologia: Extrato de Programa
- Autoria: Paula Moura Pinheiro
- Produção: RTP
- Ano: 2019