Rios de Portugal
Mondego: as espécies, da Serra da Estrela ao Atlântico
Uma pequena fonte, escondida no alto da Serra da Estrela, continua a assegurar que o Mondego, nos 234 quilómetros até à Figueira da Foz, dá vida a uma grande variedade de habitats e de vida selvagem. Espécies únicas, algumas, outras raras e em risco.
Trata-se do maior rio nascido em território nacional, a 1500 metros de altitude, no concelho de Gouveia, entre o granito e os pinheiros da mais alta serra portuguesa. Aclamado por poetas e compositores e intimamente ligado à história de Portugal, no seu percurso encontramos uma série de ecossistemas reveladores da fauna endémica do país e da Península Ibérica.
Pelo caminho até ao Atlântico, o Mondego é abrigo de répteis, peixes e aves. Ainda nas montanhas, encontramos o melro-d’água, a única ave europeia capaz de nadar. Já no planalto central, podemos ver o tritão-de-ventre-laranja ou a estrela dos anfíbios, a salamandra lusitânica – espécie em risco, devido à ameaça do habitat pelo excesso de intervenção humana nas margens do rio.
Nos campos de arroz do Baixo Mondego existe uma das maiores colónias europeias de milhafre-preto e a partir daí até ao mar, o grande estuário abre-se para as aves limícolas que com os seus excrementos incrementam a qualidade do sal extraído na Figueira da Foz. Este rio representa também um importante reduto peixes migradores: a lampreia, o sável e a savelha, por exemplo. Mas são cada vez menos já que os habitats foram sendo interrompidos pelas barragens.
Ao longo do seu percurso, o Mondego recebe as águas de rios afluentes como o Dão, o Alva, o Ceira, o Ega, o Arunda e o Pranto. É um importante motor de desenvolvimento económico da região centro, nomeadamente para a agricultura e a indústria, bem como para a produção de energia elétrica e o abastecimento público de água.
Ficha Técnica
- Título: Mondego
- Tipologia: Documentário
- Autoria: Daniel Pinheiro
- Produção: Universidade de Salford
- Ano: 2011