A União Europeia
Em 1707 começava o longo reinado do Magnânimo, um dos monarcas mais sofisticados e ricos do seu tempo. O ouro do Brasil permitiu-lhe uma política de opulência e, ao mesmo tempo, de afirmação do poder real nas relações com a Santa Sé e alta nobreza. O investimento na Cultura, nas Artes e na Ciência, as obras emblemáticas encomendadas aos melhores arquitetos e artistas, tudo assumiu uma representação monumental, à escala do governante de um Império que se estendia por quatro dos cinco continentes.
Rei do absolutismo e do barroco português, melómano e com uma devoção de beato, D. João V, seguidor do modelo de Luís XIV e da corte francesa, foi o maior mecenas da Europa setecentista. Até 1750, ano em que morre, o vigésimo quarto rei de Portugal projetou o seu nome e o do pequeno reino no mundo. Defensor da neutralidade, evitou o envolvimento direto em cenários de conflito, assinou tratados, reforçou a Aliança com Inglaterra, empenhou-se numa hábil diplomacia com as potências estrangeiras. Mas os autos de fé da Inquisição, o povo que vivia com dificuldades são um outro lado deste reinado de ouro que José Saramago explora neste romance que tem, como referência, o Convento de Mafra.